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Jornal de Beja

2024/04/15

Beja regressa ao período dos mercados romanos

Concelho

Beja recebe, nos próximos dias 17 a 19 de maio, o IX Festival Beja Romana. TERRITÓRIO E VILLAE ROMANAS é o tema desta edição em que a grandeza e imponência de Pax Julia se revive durante três dias no centro histórico da cidade. Mas é na Praça da República, local onde se situava o fóum e onde estão identificados dois templos romanos, um dos quais, o maior e mais monumental descoberto até hoje em território português, que acontece o grande bulício desta recriação.

Os mercados faziam parte da vida quotidiana das cidades na época romana e contribuíam para a sua dinamização.

 

Quem a Beja chegasse há dois mil anos sabia que chegava a Pax Iulia, cidade em momento de franco progresso. Do povoado da Idade do Ferro não se fez tábua rasa, como parecem fazer crer alguns vestígios que se terão mantido de pé, e nos quais se poderá ainda ver um santuário em que a água seria elemento central. Mas o Império crescia e consolidava-se, e com isso Pax Iulia ganhava estatuto e importância no contexto peninsular. Entre investigadores, prevalece o consenso de que entre os anos 31 e 15 a.C. à cidade terá sido atribuída o estatuto de colónia, garantindo-lhe prestígio e uma importância excecional na província da Lusitânia e na Hispania Romana. Uma moeda de bela cunhagem local, com o busto do imperador Augusto no anverso e a legenda de PAX IVL no reverso, é testemunho desse tempo, de uma progressiva monetização da economia e sinal da crescente estabilidade e conectividade garantida pela Pax Romana. Este conceito de Paz Romana surge em textos de vários autores clássicos, Séneca, o Jovem, por exemplo, que por volta do ano de 55 d.C. pretende com esta designação descrever um período de relativa paz e estabilidade que surgiu dentro do Império Romano desde a ascensão de Augusto ao poder único até à morte do imperador Marco Aurélio em 180 d.C., já num contexto difícil de crescentes ameaças à estabilidade do império. De difícil apreciação, esta Pax Romana será acima de tudo um conceito propagandístico, não obstante ser indiscutível o contraste com os conflitos incessantes dos anos da República, e, a partir de finais do século II d.C., do momento em que o império, nas palavras de um historiador romano, Dião Cássio, inicia a sua decadência de “um reino de ouro para um reino de ferro e ferrugem.” 

Construída nos braços da guerra permanente, sustentada pela imposição de novos modos de vida, controlos burocráticos, intimidações militares, e outros recursos comuns a vários governos imperiais ao longo da história, o Império de Roma e a sua Pax Romana não deixaram de ter desafios, mas admite-se que pelo menos durante dois séculos, a hegemonia conquistada garantiu tempo e espaço para que se impusesse uma relativa pacificação política e uma certa homogeneidade de práticas culturais e sociais.  

O comércio floresceu, e com esse florescimento muito terá beneficiado Pax Iulia, cidade no centro do sul da Lusitânia, uma província com capital em Mérida, e terra de bons barros que justificaram uma intensificação da exploração agrícola, como testemunham as abundantes villae cujos vestígios se encontram hoje dispersos pelo seu vasto território. Daqui exportava-se vinho, cereais, azeite, mas também muito minério, com os cursos fluviais, sobretudo o Guadiana e o Sado, a servirem de vias de expansão desta colónia romana, capital de conventus, para o vasto mundo Mediterrânico.  

Com a riqueza então gerada, e como ostentação do seu estatuto, Pax Iulia tornou-se uma cidade monumental. Os vestígios arqueológicos encontrados ao longo do tempo e as importantes escavações das últimas duas décadas no centro da cidade atual, colocando a descobertos vestígios de um fórum romano cujo templo principal é o maior descoberto até hoje em território português, contribuem para consolidar a ideia de Pax Iulia como a mais importante cidade do sudoeste da Península Ibérica no período romano. 

 

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