O edifício não tem qualquer tipo de vigilância e não está vedado ou isolado da via pública, tendo o espaço já sido alvo de furtos e vandalismo e é habitualmente paradeiro de sem-abrigos, de passeantes sem dormida e também de toxicodependentes, sem que a instituição se preocupe.
O acordo, válido por 20 anos e renovável por outros tantos anos, foi celebrado em 28 de novembro de 2012, pela mão de Luís Barbosa, o então presidente da CVP, para ali instalar a Casa de Repouso e o Serviço de Apoio Domiciliário, que estão acomodadas em duas casas senhoriais localizadas no Centro Histórico de Beja, mas sem condições para as funções que desempenham.
A instituição paga desde essa data 8.500 euros de renda mensal, tendo já gasto 1.020.000 euros. Para dar início às obras foi contraído um empréstimo bancário de 500.000 euros, estando a CVP a pagar uma verba mensal de amortização.
Feito o investimento de meio milhão de euros, as obras pararam em fevereiro de 2017 por falta de novo financiamento. Houve a hipótese da hipoteca de um imóvel da instituição, mas a ideia foi bloqueada pela Direção Nacional (DN) e o que era um equipamento de futuro virou um “mausóleo”.
Nove meses após a paragem das obras, a 23 de novembro, Francisco George chega a presidente da CVP e nove dias depois de tomar posse, visita a Delegação de Beja e faz três anúncios que ainda hoje estão por cumprir: “vão ser investidos mais de um milhão de euros na construção da residência, está garantido um novo financiamento de 600 mil euros e as obras vão ser retomadas no próximo dia 2 de janeiro de 2018”, mas, volvidos cinco anos continua tudo parado.
À acatombe financeira no edifício da “Antiga Cantina da REFER”, junta-se um verdadeiro tormento diretivo. Nos quatro anos do reinado de George, a Delegação de Beja conheceu seis responsáveis de Direções, Comissões Administrativas e Delegados Especiais. A presidente de uma das Comissões Administrativas esteve seis dias no cargo.
A “revolução diretiva do Chico”, como foi apelidada dentro da instituição, começou na primeira visita do presidente, quando sem aviso prévio, despromoveu de Diretor Executivo, Tadeu de Freitas, um homem que chegara a Beja em novembro de 2010, como gestor de emergência, para salvar a instituição bejense da falência. O gestor viria a sair da Cruz Vermelha com uma indemnização “blindada” com um acordo de confidencialidade imposto por Francisco George, que em junho do ano passado o acusou de ser “o culpado da situação em que se encontram as obras do lar de Beja”. Tadeu de Freitas “amarrado” ao acordo, não pode responder.
Mas a CVP está atada de mãos e pés e condenada a concluir as obras ou pode vir a ser alvo de uma ação judicial e ter que indemnizar a IP, já que o contrato prevê que a devolução do edifício deve ser como uma Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), pronta a ser utilizado por terceiros.
Ana Jorge, que substituiu Francisco George em 8 de novembro de 2021, tornando-se no 25º presidente da CVP, foi contatado pelo Lidador Notícias (LN), primeiro por telefone e depois por mail, mas não se mostrou disponível para responder às diversas questões colocadas sobre o presente e o futuro do edifício, da Casa de Repouso e Serviço de Apoio Domiciliário e da própria Delegação de Beja.